Certa vez li que isso seria "arrumar o quarto do filho que já morreu".
É olhar para o lado e não encontrar.
É olhar pra trás e ver que está distante.
É a ausência de um abraço,
um apelo por um aconchego.
É aprender a conjugar os verbos no passado.
Como se fala mesmo quando algo ainda vai acontecer?
Esqueci.
É ter que fechar os olhos para enxergar.
Olhos abertos já não captam nada.
É aquela blusa velha, suja, rasgada que você não abre mão.
Um cordão que não sai do pescoço.
Uma frase melancólica escrita e reescrita em todas as agendas.
Sem destinatário.
É escutar Tim Maia,
Zeca Pagodinho.
É o colarinho da cerveja.
Agora só bebo sem essa espuma branca.
É questionar a fé, a igreja, o médico, o amor.
Cadê? Quem me roubou?
E, pra mim, é aquela velha disputa vasco e flamengo.
Isso não é sobre o que foi amor.
É sobre o que sempre será amor.
É sobre a saudade.
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