Agora eu vou colocar minha voz na mesa.
Já fazia um bom tempo que eu não escutava alguém falar que feministas são mulheres que querem agir como homens. Até hoje. E hoje, esse comentário teve outro efeito em mim. Logo me veio no pensamento a expressão: Colocar o pau na mesa. Só que hoje, nenhum pau, nenhuma boceta, nenhum peito será servido.
Eu, mulher, sou firme na minha posição, sou firme na minha voz e tenho convicção dos meus pensamentos: Calem a boca que ela está colocando o pau na mesa. Não, não estou. Eu, mulher cis, não tenho e nunca tive um pau para pôr sobre a mesa. Minha opinião não é formada pelo meu órgão genital, então não é ele que tem que ter voz.
A questão é que eu não sou homem - e não o quero ser. Eu nasci com genitália feminina e com identidade de gênero feminina. Isso é parte de mim e é parte da qual não abro mão. Entretanto, isso não me define e muito menos me limita. Nascer mulher não é um defeito, um azar ou uma condenação. Assim como nascer homem não é uma dádiva. Nascemos humanos e o que deve ser levado em consideração é a maneira como seguimos nossas vidas.
A luta que sigo, todos os dias, é a luta pelo feminismo. A luta por uma sociedade sem o machismo, a homofobia, o racismo, o sexismo, o cissexismo, a transfobia e todas as formas de violência, agressão e preconceito. Eu quero uma sociedade que enxergue o homem, a mulher e todas as outras representações de gênero de maneira igual. E isso não quer dizer que eu, mulher, queira ser tratada como homem. Sou mulher e isso não é uma vergonha, não é algo que eu queira mudar. Eu quero ser tratada como mulher, mas antes disso quero que a mulher seja tratada com igualdade.
Hoje, eu não colocarei meu pau na mesa, nem minha boceta, nem meus peitos. Hoje, colocarei minha voz.
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